Quando a reformulação é uma remodalização com efeito de atenuação
DOI:
https://doi.org/10.7203/Normas.7.10428Palabras clave:
reformulação, modalidade, remodalização, atenuação, gramática, léxicoResumen
De um ponto de vista funcional a reformulação é metadiscursiva (Briz, 1998). O controle metadiscursivo sobre a produção do sentido implica, por parte do locutor, um comportamento cooperativo motivado pelo desejo de esclarecer possíveis equívocos e de superar obstáculos comunicacionais, pelo que se compreende que, muitas vezes, possa resultar num efeito de atenuação. Além da dimensão discursiva, a reformulação tem também um estatuto semântico. Na atividade de enunciar a reformulação opera no âmbito de uma relação de pertinência entre “o dizer” e “o querer dizer”.
Este artigo enquadra-se teoricamente na teoria de operações predicativas e enunciativas (TOPE), segundo a qual enunciar é, antes de mais, um processo que se reconstrói a partir do enunciado enquanto encadeamento de formas; ou seja, é o produto de operações de determinação de diferentes ordens que intervêm na construção do enunciado. Também de acordo com este modelo, a modalização de qualquer enunciado constitui uma dessas ordens de determinação do enunciado. São as operações de modalização que determinam a relação predicativa no que respeita ao grau e à forma como o sujeito enunciador o valida. O estudo da modalização inclui o fenómeno da remodalização, que consiste na “passagem de um valor modal a outro valor modal diferente, incidindo duas ou mais operações de modalização sobre a mesma relação predicativa. A segunda operação desconstrói o valor construído pela primeira.” (Campos, 1997: 158)
Partindo da observação de ocorrências de construções de reformulação em que se dá uma remodalização com um efeito discursivo de atenuação, proceder-se-á à descrição formal das operações subjacentes a estes fenómenos, procurando mostrar que estamos perante fenómenos que atestam diferentes níveis do funcionamento da linguagem aqui paradigmaticamente evidenciando uma relação de interdependência teórica. Deste modo, é possível descrever certos casos de atenuação enquanto construção de um segundo valor modal, situado numa escala de valores assertivos e numa relação com um primeiro valor modal, desta feita reformulado. Por conseguinte, mais do que se sobreporem, os fenómenos de reformulação, remodalização e atenuação estão numa relação de interdependência, comprometendo inclusive as fronteiras que ditam os domínios tradicionais do funcionamento da linguagem: o discursivo, o pragmático, o gramatical.
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